Cabe agora aos juízes decidirem se seguem as recomendações da acusação e ordenam um julgamento apenas contra a empresa franco-holandesa.
Nessa batalha judicial, que está em andamento há mais de dez anos, as duas empresas foram indiciadas em 2011 por “homicídios culposos”.
A queda do voo AF 447 no Oceano Atlântico aconteceu em 31 de maio de 2009. Os 228 passageiros e tripulantes de 34 nacionalidades morreram no mais grave acidente da história da Air France.
As duas caixas-pretas foram resgatadas após quase dois anos submersas a 3.900 metros de profundidade.
As investigações apontaram que a formação de gelo em pleno voo nas sondas Pitot levou a uma interrupção das medições de velocidade da aeronave, um Airbus A330, e desorientou os pilotos.
“Resumindo, tudo começou com o congelamento dos sensores Pitot, seguida de indicações errôneas de velocidade e a desconexão do piloto automático. O avião perdeu sustentação e a tripulação não conseguiu recuperá-lo ”, afirmou Olivier Ferrante, que chefiou as buscas do voo, em entrevista à RFI.
“O que mais surpreendeu neste acidente foi o fato, que durante dois anos, não achamos nada. Depois que encontramos a fuselagem e as caixas-pretas, a investigação acabou se tornando uma investigação como qualquer outra”, completou.
De acordo com as investigações, o avião, que voava em velocidade de cruzeiro, não explodiu e estava inteiro no momento do impacto. A queda, de cerca de 11 mil metros, durou cerca de 3 minutos e 30 segundos. Não houve despressurização ou preparação para um pouso forçado na água.
A investigação provocou uma verdadeira batalha entre especialistas para estabelecer as responsabilidades na queda da aeronave. As partes civis pressionam para que a Airbus e a Air France sejam julgadas, de acordo com a France Presse.
Em 2012, a primeira expertise apontou para erros da tripulação, problemas técnicos e falta de informações dos pilotos no caso de congelamento das sonda, apesar dos incidentes anteriores relatados à Airbus.
A fabricante pediu então uma segunda expertise, que se concentrou principalmente em uma “reação inadequada da tripulação” e nas deficiências da Air France.
Considerando este segundo relatório muito favorável à Airbus, parentes das vítimas e a companhia aérea atacaram a contra-expertise perante a Corte de Apelação de Paris, que ordenou sua anulação e a reabertura da investigação.
A última contra-expertise, apresentada em dezembro de 2017, voltou a provocar indignação das partes civis. Os especialistas reafirmaram que a “causa direta” do acidente “resultou de ações inadequadas em pilotagem manual” da tripulação e tendeu a poupar a Airbus.